A Caminho da Liberdade com Mão na Terra Pé no Mar” de Maria Joaquina Serrano
Esta história começou a bailar dentro de mim, desde a célebre manhã do dia 25 de Abril de 1974 e a partir do momento em que os Capitães de Abril fizeram STOP ao nosso autocarro. Caminhando, deixei-a bailar ao pulsar dos acontecimentos.
Tenho consciência da brandura das minhas palavras ao relembrar a minha passagem pelo bairro. Foram as difíceis vivências de que me fui apercebendo, ao longo dos anos, que criaram em mim a vontade de romancear a rudeza da realidade. Pintei-a com cores suaves e claras e tentei recheá-la de afeto e ternura para oferecer às minhas musas pequeninas, para que, as memórias duma infância sofrida e injusta não sejam relembradas com tanta amargura!
Apesar do esforço para lhes proporcionar a ilusão dum crescer mais harmonioso e feliz, nunca tentei diminuir a carga emocional que carregavam, porque eu, que não descendo nem de ciganos nem de vareiros mas penetrei no âmago mais profundo e difícil do seu viver, não consegui ficar indiferente.”